LÚCIA

Não tenho mais competência para dizer do amor; relembrar uma paixão; fazer jus a uma musa com toda generosidade. A experiência tenha enfim cruzado com a minha sorte e as duas nem se notaram. Eu também pense no meu talento equivocadamente. Nada mesmo se encaixe. Mas não posso fazer tão pouco de mim. Mesmo para um chato, é imprescindível um razoável esforço. Os livros terão fatalmente o mesmo destino dos vinis, dos CDs, dos álbuns de fotografia, das cartas enviadas pelos correios, das mídias impressas, as mães com respeito, dos pais provedores... As palavras antes restritas aos clérigos, escribas e ministros, hoje trafega sem qualquer cerimônia, entre paus e pedras, cobras e lagartos... Têm fauna fértil, espécies completamente adaptadas. Nunca se produziu tanto no mundo, agora nas redes sociais; o homem, o ser do absurdo, reverencie seus deuses pela realidade virtual; termo contradito: real, real; virtual, virtual. Eu também não estrague toda esta bagunça; seja apenas mais um fauno; um zumbi. Não que eu dê todo crédito à coerência, mas ainda sou das antigas. Cinco anos sem um sarro. Preciso logo acabar com este atraso.